As pessoas que me rodeiam intrigam-me. Pelo menos aquelas de que eu não sei a história, com quem eu nunca falei, pessoas com que eu nunca estive, ou seja, são as pessoas que não conheço. E como não as conheço, nunca sei se alguém que passe por mim na rua é uma pessoa feliz ou uma pessoa triste (a tristeza, às vezes, não se evidencia).
Então, tenho uma “mania” enorme de sorrir a todas as pessoas que passam por mim; talvez se estiverem tristes, um sorriso lhes possa trazer, mesmo que minimamente, um bocadinho de alguma boa emoção. Sorrio-lhes e olho-as discretamente, e tento imaginariamente, ler-lhes a mente, perceber a sua história, saber se estão tristes ou felizes, perceber quem são, que tipo de pessoas são….
Às vezes vejo pessoas que parecem tristes, não tristes a chorar, mas tristes. Apetece-me perguntar-lhes o que se passa, mas elas não me conhecem e provavelmente parte dessas pessoas achariam que sou maluca, porque se calhar alguém não estava triste, se calhar foi a minha compreensão visual que me enganou, talvez essas pessoas não queiram que seja uma desconhecida a perguntar-lhes o que se passa, se calhar não querem falar sobre isso, se calhar preferem desabafar com alguém conhecido… Mesmo assim, às vezes pergunto, e a resposta geral é “Não se passa nada”.
“Nada”, que palavra tão significativa. Às vezes um “nada” significa tudo, mas o tudo nunca significa nada.
Então, sem poder fazer mais coisa nenhuma, sigo o meu caminho. Não posso obrigar as pessoas, que ainda por cima não conheço, a confessarem o que têm…
Se calhar ela tinha mesmo nada, se calhar tinha tudo…. Talvez estivesse apenas num dia mau, todos nós temos dias maus; ou então não se passava nada de todo…
Inês Sequeira, 9º C
(Disciplina de Português da Prof.ª Luísa Rebeca Bixirão)