Quando vejo as crianças a tirar fotos com o Pai Natal, lembro-me de quando eu tinha quatro anos. Até essa idade os Natais eram todos iguais, o Pai Natal vinha com um saco cheio de presentes e eu, feita medricas, escondida debaixo da mesa. Porque tinha medo? Ainda hoje não sei… Talvez porque achava aquela barba branca muito invulgar.

Mas quando tinha quatro anos estava mais valente e fui cumprimentar aquele homem vestido de vermelho. Já o achava estranho, e ainda o achei mais estranho quando reparei que, por baixo daquela barba de cor de algodão, estava uma outra mas muito mais escura.

Então, eu percebi o porquê de o meu pai nunca estar nessa noite especial e, no dia seguinte, contei à minha mãe o que se passara. Ela disse para eu não contar ao meu pai que já sabia que me andavam a enganar, para ele não ficar triste.

Hoje, estou a escrever este texto na mesma sala onde esse episódio se passou e com o computador na mesma mesa onde me refugiava. Olho à minha volta e não vejo ninguém sentado no sofá, nem a lareira acesa. E principalmente, já não vejo ninguém a entrar pela porta que se situa atrás de mim com aquele fato ridículo, que, ao mesmo tempo, ainda fascina muitas crianças. Enfim, o que há mais perturbador no Natal, sem ser o facto de enganarem as crianças, é o de se aproveitarem das crenças das mesmas para o aumento do comércio…

Joana Figueira Godinho, 9º C

(Disciplina de Português da Prof.ª Luísa Rebeca Bixirão)